CAMINHAR NO INVERNO
Sinto no ar um vento gelado, prenuncio o inverno.
Inalo um cheiro úmido, perfumado pelo frescor da manhã.
Passo embaixo das árvores rorejando o gélido sereno da noite.
Caminho a esmo, sentindo um frescor no rosto.
Não suo, minha respiração é lenta e minha pulsação baixa.
Caminho mais um pouco, paro e tomo um café, sinto
esquentar a alma.
Olho os transeuntes elegantes, com suas vestimentas nada
combinando:
Luvas, cachecóis, meias, cavus – roupas com cheiro de
guardado.
Vejo nos rostos têmporas róseas, narizes vermelhos, corizas,
espirros.
Esfrego as mãos, me permito um abraço...
Perambulo pelas ruas, no frio tudo fica mais romântico.
Volto para casa, cansado, abro as janelas.
O ar ainda está fresco, aproveito para arrumá-la.
A noite escurece mais cedo, sinto a temperatura cair mais.
Tomo um caldo, me enrolo numa manta e me deixo cair no sofá.