MANSUETUDE LÚGUBRE.

Quantas vidas!

Passam apressadas, quase não dá para lhes prestar atenção.

São vidas em cores:

Amarelas, negras, vermelhas, brancas, pardas e as pálidas também a se destacar.

Umas seguem tristes e outras a gargalhar.

Muitas estão solitárias, algumas se fazem acompanhar.

Expressando-se, cada uma delas, de me modo muito peculiar

Gesticulam, falam, sorriem, umas e outras suas lagrimas a disfarçar.

Contudo, todas seguem céleres ostentando seus apetrechos.

Suas mochila, pastas, valises, sacos e sacolas são como as vidas, multicoloridas.

Destacando-se por suas belezas, fortalezas ou por estarem rotas.

Muitos deles se mostram tão cheios, enquanto, alguns extremamente vazios.

O que neles carregam, tais vidas, quem sabe...

Mas, seguro é que essas vidas carregam consigo sonhos e dissabores.

Aceleradas as vidas multicolores passam cruzando as direções.

Esbarrando-se, não obstante, o sentido de cada uma delas parece o mesmo seguir e seguir. E muito pouco dessas vidas se pode perceber na grande multidão.

Nesse torvelinho de tantas vidas suas graças e desgraças, que lhe parecem eternas, também, embora não se perceba, lhes passam velozmente.

E por fim lhes chega em sua mansuetude lúgubre a morte ceifando a seu turno uma a uma essas vidas.