E o navio vai...

E na imensidão desse mar em que se perdeu, se encontra também a esperança que é o movimento do tempo. Uma espécie de jangadeiro.

Quando ainda podia avistá-los, mesmo ao longe, permanecia o calor que minha alma alimentava de gratidão e contentamento.

Por vezes, o equívoco foi parceiro nas indecisões e imperfeições.

Muito mais havia a ser feito... Senti!

Quantas noites perdidas em rancores sem razão que eram libertos em palavras pouco dóceis; em reações que abalavam o mar e agitavam as tempestades; em tristes e dolorosos pensamentos de desamor e em porções de dor que eram profundas mas sem nexo de causa.

A proximidade com nossos corações e sentimentos, nos induzem à comodidade da impropriedade de crer na eternidade do corpo que nos reveste.

E o navio vai se desfazendo e nem nos damos conta.

Uma parada para a manutenção da área de controle e nem percebemos que nada controlamos;

um motor cujos óleos e escapamentos vazam e avisam que é hora de trocar a nossa engrenagem e nem percebemos que muitos de nossos órgãos não existem mais.

O navio que sempre era visto no cais, parte e vagarosamente o vemos ser levado mar afora.

Alguns dias com movimento mais acelerado, outros dias menos. Mas a distância cresce e assim, ao longe, acenamos na esperança de uma resposta, até que, enfim, o mar o leva e já não mais o podemos avistar e o retorno é um mistério incerto.

E no centro do cais, olhamos para o infinito, na esperança de que algum dia, em algum lugar, vamos nos reencontrar...

(Impossibilitada de digitar contei com a ajuda de uma amiga Rê!)

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 02/11/2019
Reeditado em 02/11/2019
Código do texto: T6785643
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.