POR QUÈ ME MIRAS SI NO ME SACAS A BAILAR?

Tá certo, eu bebi muito vinho, dei muita risada, comi pizza com a gurizada, após ter me emocionado com um filme água com açúcar. Eu sou assim, bem assim, nenhum mistério insondável, alegria à flor da pele, após um dia de danação, eu sou assim, rio e choro em sequência e não me importo com a opinião de quem quer que seja. Estou do lado de cá dessa linha que você agora inventou, uma linha de contato inodoro e insípido? Ou uma linha de choques e explosões de sentimentos que não conseguimos conter? Tá certo, eu bebi muito vinho, os meninos até me filmaram dizendo bobagens, nós nos divertimos muito, muito, e eu navego nessas águas de juventude que eles deixam inundar minhas tristezas e logo estou mais leve, estou mesmo com uma sensação de vinte anos. Você bem que podia me fazer uns versos, uns versos bem bonitos, sem aqueles urubus agourentos ou o peso de lembranças e entulhos do passado. O passado é entulho que atrapalha. A vida está começando agora, na luz daquela estrela que vi ao abrir a janela, a vida começa nas esquinas todos os dias, nos olhares esperançosos, na trilha recém aberta, na grama recém plantada no meu jardim. Um novo dia começa a cada vinte e quatro horas e não vemos como o sol surge a cada manhã por estarmos muito ocupados com nossas coisas, nossos afazeres. Eu queria somente dançar pelas ruas, gritar, dizer palavrão, ah como eu queria, sim seria tão bom , eu não bebi todo esse vinho em vão, eu o bebi sabendo ser ele meu companheiro que sempre me socorre, sempre me faz transbordar, sair pelas bordas, e me sentir viva, muito viva para amar, amar muito, amar a vida, dançar meu tango particular.

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Ah, o tango, beijos à luz de velas, perfume de jasmins, um vestido branco esvoaçante , sandálias leves e cabelos perfumados de cheiros agrestes. VOcê não gostaria de dançar comigo mesmo? A vida é um sopro, logo não restará ninguém nesta sala, as plantas estarão ressecadas, o piso empoeirado e o vestido restará esquecido em um móvel qualquer. E de nós só restarão as palavras, tantas palavras escritas, tantas vibrações contidas, você não quer mesmo dançar comigo?

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Ouça essa húngara dança que

se expande pelos jardins

e exalta a vida em todas as sete cores do arco-íris!

Ouça essa húngara dança, mistério e doçura

através dos séculos,

coreografia das almas enamoradas,

chama jamais extinta,

chave mestra de todas as portas,

aconchego de corpos apaixonados,

raio de sol, verdes campinas,

cobertas de flores amarelas,

quero você meu amor,

quero seu beijo cálido e fremente

ainda esta noite, ah quem dera...

nós dois nessa húngara dança

a girar pelos campos em flor

a girar, girar, girar...

tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 04/10/2007
Reeditado em 06/04/2008
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