O Vestido

Estivera o tempo por fora

Contou-se dedos conseguidos

Rogou-se momentos infindos

E pôs-se à casa dora

Defenestrou o que houvera,

O figurino do corpo,

No topo, o todo, como tropo,

O rosto que ainda tivera

A face que bem carregava,

A qual manteve cansada,

Com a mesma firmeza atada,

Qual, tão obstante, nem alçava

E guardou também o hino

O ritmo da praça

A roupa de traça

O corpo de felino

E velou bem o espelho,

Escondeu-o da janela

Do sapato, a mazela

Esqueceu meu conselho

E já que ora dorme

E nem faz sentido

Reentrajou o vestido

Aceitou o sonho desforme

A noite como castigo

E na cama, quase nenhum abrigo

H Reis
Enviado por H Reis em 03/12/2019
Reeditado em 03/12/2019
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