Acreditei no tempo...
Pensei que poderia dar "tempo ao tempo".
Pedir... quem sabe... um pouco mais de...vagarosidade...
Bobagem... miragem!
Tentei segurar o tempo no laço.
tentei contê-lo.
Ele moveu-se em círculos, novelo. 
Fugiu de mim... fugiu por si.
É,  o tempo é assim!
Pingando ponto-a-ponto...
Tentei de novo, segurá-lo com carinho...
Num forte abraço, mas ele ainda esquivou-se,
do mesmo jeito...apoiou-se no parapeito...
foi mais um embaraço!
Ele partiu como sempre esbaforido...
o tempo é assim!
Sempre em busca de si...
O tempo é fujão, egoísta e solitário,
Não aceita toques no ombro...
sorri, faz-se de amigo... mas é fingido e fugidio...
e num assombro, lá se vai com ares de desentendido!
O tempo é pura quimera... você sabe que ele existe...
mas... jamais revela-se... 
é sempre mais uma surpresa...
O Senhor tempo jamais se permite ser presa.
Ele sempre domina, feito uma fera...
Sempre se senta à cabeceira da mesa,
de tudo, e só a ele... pertence o tempo.
Com ele, ninguém terá chance.
Ele cobra com precisão e certeza...
Sempre injusto, a seu tempo e a seu favor,
em tudo ele é soberano!
Ele conhece tudo de envelhecer...
Sabe Tudo de acabar, de findar... de desfazer...
mas para si, não:
Para si, ele sempre trata de ser preciso,
perene, severo, narciso...
Ele sempre está 'lá', jovem, inerte e viril.
Porém, para você, pra mim e a todos... ele sempre aponta...
Não interessa, se fizemos da vida,
o certo... ou errado...
Para o tempo isso é irrelevante...
Ele obriga-nos as pagar a conta...
E age, como um juiz indolente...
Jamais mede esforços para envelhecer a gente.
Daí, você se cuida... muda seu jeito, diminui... seus excessos...
até simula breves progressos...
Más o tempo... segue seu caminho...
como se nada houvesse...
segue de fininho do início ao fim...

Acreditei no tempo...
Pensei que poderia dar "tempo ao tempo".
Pedir... quem sabe (?)... um pouco mais
de... vagarosidade...
bobagem... miragem!
Antes era até vaidade...
Tudo deixou de ser vagaroso...
só restou a idade...
Oh! tempo misterioso...