Valão em Aqueronte
Deixa dizer uma coisa:
Vão à frente os tambores, o borbulho,
E não haverá enfim forte
Ou represa que corte
A torrente imensa que é o meu orgulho
Sobra o veneno ácido que arrasta fundo
Cada momento terno,
Toda sensação de inferno,
Que grava e cozinha meu corpo imundo
A besta que significa, hermenêutica,
Em lápides azedas,
Os corpos nas gavetas
Do cemitério multiforme desta eidética
Eis que sou este orfeão, este sino,
Esta chaga ensopada
E em sangue fadada
À corrosiva poção de declínio
Vou arrostando teu leito de súbito,
Protelando o cenário único
De um comum destino trágico
Numa dourada taça de conteúdo barbitúrico