"Qualquer"

Talvez seja hora de pôr à desforra toda a moléstia que me corrói. Ainda incógnita; tal doença inquieta se manifesta: insônia, suores e devaneios. Patologia ou apenas a ânsia? Ânsia do vôo desejado, da partida demorada.

Das besteiras ditas ao vento testemunha, hoje são restos de poesias mais que vividas; são prosas interrompidas; mensagens decifráveis e esquecidas.

Na parede corrompida pelo tempo e corroída pelo humano o reflexo latente, ainda pulsante, de um coração escaldante. Enquanto ainda o tempo não pára, corre em disparada almejando ainda o futuro. Mas que futuro espera uma alma já esmorecida? Ou será ainda o passado que em moléstia se transforma?

Verte lágrima inconseqüente, desesperança de tempo passado e hirto. Enrijecido pelas frias lágrimas, esta o meu passado: alegrias tantas, tristezas infindas; todos já inertes diante da minha pouca memória. É o tempo que os enrijeceu, sou eu quem as esqueceu, é a vida que me enternece diante das certezas inescrupulosas. Radiantes ao ímpio, que vibrante me observa; mas rirei desdenhando quem hoje me desdenha. Vencerei moribundo passado! Não vês? Eu sou mais que um simples presente; sou atemporal diante de ti, tempo ido!


*Não tento entender o que escrevo, apenas liberto meus pensamentos, que assim se dissipam.