EMPODERAR-SE

   Empoderar pessoas não é criar expectativas ilusórias, pueris, fantasiosas de si mesmas e de suas relações com os outros. A saber, empoderar-se é aprender o exercício da humildade à priori e, através dela, mensurar de forma assertiva - o certo, o errado, o ético, o estético, o político, religioso e social.

   Para se “empoderar” é imprescindível o exercício da empatia. O movimento mais sublime que um ser humano faz em direção do outro. É, colocar-se em sua situação, em suas emoções, seus pensamentos, seu choro, seu desespero, em sua angústia, em sua raiva, em seu amor, em seu desamor.

    Empoderar-se, é para além do salto alto, do batom vermelho, da barriga sarada, dos músculos definidos, da unha com base, da barba bem aparada. É olhar para dentro de si em meio à “bagunça” interna, e encontrar um sujeito resiliente e não assujeitado, reprimido as demandas pré- ditas sociais e tampouco, mendigo de amor, afetos dos outros.

    Para se empoderar, é necessário amor próprio - e isto não significa ser egoísta, prepotente, arrogante, infantilizado, aproveitador e provalecido atribuindo vantagens da fragilidade dos outros. Amor próprio é não se colocar em uma posição de vítima, e sim, usar do bom senso, da ética, da verdade nua e crua e não da “verdade” que fica bom para você. O teu “amor próprio” termina quando fere a integridade do outro, das coisas e da sociedade em geral.

    A pessoa empoderada é fiel a um propósito, não se vende por ideias vãs, ou por modismos inconseqüentes.  É pelo certo que fica adequado para ambos. É flexível, pois compreende que não é o dono da verdade. A verdade do outro pode contribuir para novas aprendizagens, novos modelos a serem seguidos.

    O empoderamento é uma construção de valores. Valores estes que não ferem, clarificam, proporcionam luz onde há trevas no desconhecimento, na ignorância de um não saber. Este saber é contínuo, não cessa - não se esconde; não se acovarda. Luta, sai da zona de conforto, chama para esclarecer as demandas.

    No empoderamento não há espaço para fingimento, nem palmas nas costas e tampouco “riso de vendedor” para vender hipocrisia em balaios de promoções de falácias.  Para se empoderar custa tão caro, que dinheiro/moeda corrente nenhuma paga. Pois depende unicamente de DESEJO de mudanças e ninguém pode fazer, exercer, efetivar caso a pessoa não queira.

   Se empoderar é uma viagem sem volta. Sem bagagem ou acessório que possa mascarar o “eu” de cada um. É lançar-se num encontro consigo mesmo, doloroso, de lágrimas salgadas, de lutos reais e simbólicos para elaborar, ressignificar, dar sentido e se despedir, acenando, indo para um novo rumo. Sobretudo, se empoderar é renascer na lucidez genuína de si mesmo.   Sem atribuir suas falhas a nada e há ninguém o que depende somente, irreversivelmente de si.

     Não há formula mágica. Se empoderar é um presente, cujo conteúdo só é revelado a quem desejar amorosamente.
 
 
  Águida Hettwer