Ora
Outro dia uma voz me gritou assim:
Sinta baixo, os ossos são os únicos que não mentem
Cavei
Cavei fundo
Até o momento em que o âmago do corpo me sussurrou
Sinta muito, tu és indigno das minhas vestes
Estruturas
Tão bem esqueletadas
Sinto alto, tão alto que jamais poderia ver chão
"Você está de pé, dona moça?"
Eu to, acho que to, acho que to bem
Sei lá, é difícil não cambalear quando tudo é muito volátil
Depois eu digo que me avisei
Depois eu aviso este ríspido vai e vem
Um quê de belicoso
Um quê de paz inacreditável
Um ódio por todo meu desamor
Hão de querer-me
Hão de matar-me
Um quê de devia ter visto vindo
Um olho por dente inexpressivo e cálido
Me afaguem
Eu já não respiro bem
Eu já não sei bem
Tá tudo bem, acho que está, tem de estar
Ou isso tudo não passa...