Apenas ontem

A melodia flutuou, fugiu de minhas mãos e passeou entre as paredes do quarto o qual resido preenchendo seu vazio com as palavras de mim.

Seu eco ininteligível

É o lembrete de que

Perdi a compreensão

De todas as línguas

Além da que falo

Entre os diálogos de

Meu cultivado silêncio.

Conversas incompletas, intermináveis e intangíveis de minha mente. É o que a sustenta e a mantém viva.

Recordar é dependência de sobreviver com os termos de agora.

E o agora se sucumbe em seus próprios infortúnios como uma harmonia enferma que beira a mudez.

Porém imito-a em minha fraqueza, delírio de ver que não tenho mais controle em criar efêmeros refúgios. O sonhador está encurralado na desilusão e no conforto de seu cul-de-sac.

Fugir é um lar

De incerteza que

O amanhã será

Uma brecha de

Definitiva salvação.

Da janela, bolhas e nuvens adornaram a paisagem. Lágrimas escaparam, o fôlego se apreendeu em minha vista maravilhada. Os astros ganharam novamente suas locomoções. Fui uma criança perdida entre as nuances e constâncias que aconteciam em ciclos formando sua imensidão.

O que faria, falaria e sentiria em meu lugar?

Você deveria ter visto o dilúvio extinguir o incêndio que comecei. Você deveria ter ficado para ver como desvanecia rápido a fumaça no céu que abrigara suas fatídicas cores. Você deveria ter feito muito mais do que tenho a disposição para escrever em lamentos e metáforas ao que nunca pôde encontrar realidade fora de meus versos.

O universo agora é insólito. Vago em desamparo entre o escuro e conformidade.

Este individualismo momentâneo me presenteia o equilíbrio que necessito. As razões são visíveis e esclarecidas em minha cegueira. Meu tempo se expirou juntamente à minha espera.

Passos firmes, decisões confidentes. Entre as minhas formas de saída desta inércia, estou enfim pronto para abrir a porta.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 05/02/2020
Código do texto: T6858558
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