Declamação Noturna

Tudo é mímese de tudo

Tanto que, na verdade,

A verdade é a repetição do mundo,

Tudo reproduzindo tudo

A sucessão de intermináveis instantes

Na crosta de uma multidão de segundos

Mas se este é mesmo o caso,

Que, entre muitos, vem em voga,

Dever-se-ia dizer que o próprio acaso,

Em seus motivos múltiplos,

Em suas virtudes rudes,

Centrifuga ao nada

Ora tudo está em pausa

Com a intenção única de suspensão

Eis o martelo e o não

Se tudo então regride ao nada,

Como a um jogo de palavras,

Não formula isto coisa contrária?

A noite resulta em nada,

Sem quaisquer sinais de devir

A questão compete em repetir

Aliás, tudo é mímese de tudo

H Reis
Enviado por H Reis em 08/02/2020
Reeditado em 09/02/2020
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