Declamação Noturna
Tudo é mímese de tudo
Tanto que, na verdade,
A verdade é a repetição do mundo,
Tudo reproduzindo tudo
A sucessão de intermináveis instantes
Na crosta de uma multidão de segundos
Mas se este é mesmo o caso,
Que, entre muitos, vem em voga,
Dever-se-ia dizer que o próprio acaso,
Em seus motivos múltiplos,
Em suas virtudes rudes,
Centrifuga ao nada
Ora tudo está em pausa
Com a intenção única de suspensão
Eis o martelo e o não
Se tudo então regride ao nada,
Como a um jogo de palavras,
Não formula isto coisa contrária?
A noite resulta em nada,
Sem quaisquer sinais de devir
A questão compete em repetir
Aliás, tudo é mímese de tudo