Não me deixe
Todas aquelas confissões desconexas, frutos de seus momentos, jazem incompletas e irresolutas numa espera por seu incerto julgamento.
Cambaleei e despojei minha exaustão em espaços vazios e adormeci na segurança do silêncio. Fui uma razão vagante em solidão e necessidade a procura de sua presença.
Você é o Sol,
Fui Ícaro de
Asas exaustas
E feridas ardentes
Sobre as dimensões
De minhas camadas
Profundas e insólitas.
E agora você se torna uma poesia em si, lamentável inspiração que nutre meu corpo abatido ao desejo de permanecer em pé, invencível, e disposto a prolongar ainda mais minha luta de razões expiradas.
Em meu delírio, passos sonâmbulos me passeiam vago pelo solo e céu destes dias que se mostram reclusos de feições. O som das marés, o sopro gentil de uma brisa tardia, as graças que me sobraram, o que mantém minha alma límpida mesmo em sua fragilidade.
Eu irei conceber seu retorno, perdoar sua ida, motivar sua estadia.
Eu irei lhe envolver em meus braços, espreitar sua face a cada segundo por um sorriso, estar presente e acolhedor em cada despertar. Eu irei lhe recordar como era a minha voz, como nossas palavras nos flutuaram em caminhos improvisados e fins temporários.
Jamais permita que eu esteja certo, sempre quebre minhas expectativas, sobressaia as possibilidades de que anteontem fora sua perpétua despedida passando despercebida por minha ingenuidade.
Só não me deixe parado com a companhia destes pensamentos.
Sem a noção do que é real, do que mais saber o que irá voltar, do que mais ser quando nada restou como impulso para mudar, do que mais escrever se odeio cada letra que agora escrevo.
Só não me deixe esperando por mais do que eu deveria, por mais do que eu jamais aguentaria.
Por favor, não me deixe aqui.