Expatriado
Afaste as pessoas,
seja enxotado dos lugares sagrados,
chute o balde da civilidade,
ser expatriado do lar é uma dádiva.
Quem quer um teto,
quando se pode ter as estrelas,
versus se perdem no infinito.
Expulso pelos camaradas,
enjeitado pela família,
todo um mundo lógico,
vomita,
diante do comportamento ilógico.
Um mendigo,
poeta,
delirante,
enforcado pelas convenções sociais,
sem compreender,
porque as pessoas fazem questão por comida?
O poder,
sutil,
ardiloso,
perpassa todos os recantos e sentimentos,
apodrece os corações.
Algo bom é se ter um livro,
companheiro mudo de mil mundos,
perdesse numa tela,
companhia cega de múltiplas imagens,
fumar um cigarro,
sentir o prazer amargo da solidão.
Isso tudo pode ser desvalorizado,
não importa,
por pura diversão,
andar pelas alamedas do desejo alheio,
rir das reclamações,
enfim viver perambulando,
em busca de outro copo,
transbordando de pequenas ilusões.
Daniel César. Natal, 2015.