Dona sempre

Só não quero que pensem que isso tem a ver com algo

Ou com alguém

Nunca teve

Talvez tivesse

Mas é minha fraqueza de caráter

Minha falta de apetite

A ausência de perseverança

A demasia de amor

Eu vou Dona, eu vou

Já não acredito mais nessa coisa de voltar

Voltar pra onde? Pra quem?

Já não acredito em nada

O cansaço de quem nunca trabalhou demais

A dor de quem nunca sangrou de mais

O abismo de quem sempre viu fundo

Eu vou se tu prometer me amar para sempre

Eu vou se eu puder deitar de novo no teu colo húmido e infindável

Eu vou pra onde tudo começa

Na porta daquela igreja

no meio da cana de açucar e o ladrar dos cães de rua

Foi a última coisa que eu escutei

os comércios fechando, os mendigos mendigando e os cães

Já escuto, já to indo, Dona

Eu te espero aqui

Antes que o sino bata já terei perdido o perdão

Facas não fazem barulho
Enviado por Facas não fazem barulho em 14/02/2020
Código do texto: T6866394
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