- Metamorfose Lunar

Naquela noite fria, o ar passou por mim com um afável aroma de flor de laranja.

Desejei escrever. Escrevi desejos.

Neste momento, haviam tantas dúvidas quanto estrelas visíveis no céu.

Uma música ressoava e era como se as batidas acompanhassem às do coração.

Pensei ter escutado alguém entrar no quarto e chamar por mim. Olhei, mas só eu habitava aquele lugar intenso.

Mesmo assim, ao longo dos minutos que se seguiram, senti-me incomodada, com a sensação de que estava sendo, de alguma forma, observada.

Forcei-me a ignorar aquela impressão e consegui.

Mais fria e perfumada a noite se tornava. Com isso, mais palavras continuavam a serem traçadas em folhas consistentes, assim como muitas outras canções me fizeram pensar em você, sempre aparentando seguirem o ritmo do meu coração.

Olhei novamente, de relance, para o céu e pude ver a lua mais encantadora da minha vida pequena. Ela, gigantesca, de uma forma extraordinária, possuía uma cor amarelada e uma luz vigorosa, capaz de iluminar o meu íntimo. Senti-me cautelosamente invadida.

Era forte demais para que eu pudesse continuar olhando. Ainda sim, pude perceber com muita nitidez suas irregularidades. Como é possível algo ser tão especial e, ao mesmo tempo, tão imperfeito?

Nesse instante, considerei que eu mesma, simplesmente, poderia.

Ou seria como a lua.

Ou transmutava-me, irreversivelmente, em poesia.

Thayná Nogueira
Enviado por Thayná Nogueira em 15/02/2020
Reeditado em 15/02/2020
Código do texto: T6866915
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