Pequena Cena
Estou acorrentado aos pés da mesa,
O lugar mais seguro da casa,
Faz sentir anos de distância da porta,
Pairar a poeira minha como se de natureza morta
Visto a última máscara que me coube,
Aquela que esconde a minha carne viva
Pendurada e costurada a mim de orgulho rebelde
Bem fina, no entanto, acolhida nesta eiva
Então, arrecadada está a vida, como em uma carta,
Borrada cem vezes, encorpada depois em lágrimas
Por fim, destilada na mofina de farsista,
Confessa minha culpa de artista
Recorre a instância da fantasia,
Sou novamente chato de dramático
Mas, o que importa, vai longe minha plateia
Vai longe e já não volta