Por ti

Por ti sou certo de que estas linhas nunca se apagarão, palavras eternamente marcadas num espaço em mim reservado para nossos segundos compartilhados. Nada que eu não imediatamente responderia. É claro e inevitável, você é a explicação profunda às minhas verdades vagas. Fui um significado disperso e incompleto, uma justificação antecipada ao efeito que sua poesia faria em mim.

Braços abertos, intuição irracional, mentes dúbias em direção e em busca de seus próprios lugares distantes o suficiente para um recomeço. Fora o Sol que nos presenteara visão, luzes que nos guiaram até onde queríamos destinar, radiações que floresciam nossos seres reprimidos, calor que nos mantinha firmes a aproveitar seu toque, um lembrete que nos ergueríamos não importa o quão longas fosses as madrugadas em que nos perdíamos em questões e impasses.

Fomos o princípio de tudo, o momento despertado entre circunstâncias e consequências tecidas a serem células daquela epifania, os devaneios o qual somos espectadores de seus espetáculos imprevisíveis. Somos segredos que desconhecemos, somos dias de nosso próprio tempo inerte, somos corpos solitários transpirando vida no ápice de nossa meia-noite.

Eu te vi caminhando entre as ruas, avenidas e estradas de rumos que vaguei entre o fardo e o remorso. Um andarilho em busca das mesmas alternativas, dos mesmos refúgios, das mesmas intenções. Conectamos os pedaços de uma história em que fazíamos parte, traçamos uma odisseia a partir de tudo aquilo, fomos fragmentos desamparados em nosso próprio conto, somos os impulsos que criam as cenas de nosso epílogo.

Pois por ti nenhuma dúvida me fará pensar mais que uma vez. Nada que eu desejaria voltar atrás para refazer o passado nos termos de uma supérflua perfeição. Segurar suas mãos, provocar-lhe sorrisos, sincronizar nossas respirações, prometer-te eternidade, escrever para lembrar, continuar de pé, recusar redenção, perseguir impossíveis soluções, amar até que eu não seja mais capaz. Tudo isto por ti.