Obrigado

Livres de mim são as verdades que não mais se escondem em subliminaridade. Inevitável, sou agora o que se acanha ao ver que não há mais mentiras restantes como o conforto e a certeza de mais um amanhã, de mais um dia em que sou o fugitivo dos ciclos o qual sou centro e razão de continuarem sendo padrões inescapáveis e imutáveis. Esclarecido, vejo-me definido em fragilidade, deitado numa cama macia, luzes apagadas, roupas longas e rasgadas, pupilas ardentes e lábios rachados.

Fora a ilusão de que fui uma melodia ecoando em minha própria beleza entre corredores de silêncio, uma crença a qual guardo protetivo como a prova de que fui capaz de viver cada segundo disto. Jamais deixe que o Sol me veja nestas condições, se não for incômodo, diga-o que serei em breve um reflexo de sua radiação, minhas cores receberão vida e cada raio de seu amor, minhas pétalas irão nascer novamente, mas não caia sobre mim, não me dê desmerecida piedade, por favor, espere um pouco mais que apenas as horas de uma só noite.

Andei por caminhos inusitados em direção aos lugares que pertenço, não me apressei ao ver que durante todo este tempo estive atrasado e despreocupado. São linhas a mais para o turbilhão de coisas que quero lhe contar, são fragmentos de minha saudade, são palavras que somente existem por suas respostas e complementos.

Agracio-me ao ver fotos de um não tão distante passado, tentar enxergar um pouco além de cada momento descontraído, analisar a moldura de cada cena: Um sorriso de criança tola, sorriso rachado, olhos semiabertos, a saturação de luzes ecoando e preenchendo os espaços vazios. Não haveria maior presente o qual eu poderia pedir, é uma perfeição monumental, um argumento nunca refutado de motivos para não me despedaçar em pedaços irreparáveis.

Obrigado por estar ao ritmo dos meus passos, mesmo em distância, ouço de perto sua voz em cada vez em que nenhuma salvação é aparente sobre mim. Ei, como você está? Ah, isso me alegra tanto! Agora eu me sinto muito melhor também. Obrigado.