Colchão de solteiro no chão ou uma boa rede a dois.

Não consigo me apaixonar

por uma pessoa apenas.

Não sei

se por esse motivo

a depressão não me domina.

Há uma coisa linda

na tristeza,

como há na alegria.

Sou apaixonado

por tudo o que é vivo,

tudo o que é bonito,

tudo que me fala.

A música

que me define é triste,

porém, linda.

É feita de encontros,

de aconchegos,

de dizer “eu te amo”,

de se preocupar,

de sonhar,

de não ver a hora passar

porque se está

ao lado de quem ama.

Às vezes, amanhecer o dia,

e haver continuado, ali, ao sabor dos beijos,

colchão de solteiro jogado ao chão,

ou pulando, ora ela na minha rede,

ora eu na rede dela.

O importante é que os dois,

de qualquer modo,

já estavam

na rede um do outro.

Minha vida

é feita de compreender,

de ver beleza

no rosto feminino

e sentir vontade

de fazer, de um modo

muito especial,

parte daquela vida

(mesmo sabendo

que não posso fazer

parte de todas.

Ah! Se eu pudesse...).

É feita de abandonos.

É feita de lembranças

E de saudades.

Eu me irrito.

Eu me apaixono.

Tolero.

Desprezo.

Aceito.

Me adequo.

Dou de ombros.

Sou inconformado

com o modo como

as pessoas são.

Sou inconformado

com o modo como

eu sou.

Não gosto de ter defeitos,

embora, os tenha.

Não quero magoar

ninguém,

embora, magoe.

Não gosto de ser egoísta.

Ah! mas, como sou.

Não quero ser vaidoso,

Mas, tenho esse defeito.

Luto, luto, luto,

Há uma guerra dentro de mim,

Toda vez que esses sentimentos

aparecem.

E, quase sempre,

Me venço.

Graças a Deus

E ao anjo feminino

que me guia!

Só não gosto,

e me recrimino,

de os haver sentido.