Imagem: cemitério.net

UMA TARDE DIFERENTE
 
Cheguei num campo santo e num lugar me sentei
Ouvia o silêncio que era quebrado com o canto de alguns pássaros
Passei quase uma tarde inteira ali, com uma caneta e um caderno na mão
Na minha frente vários jazigos. A maioria de pessoas desconhecidas
Mas havia um que era bem familiar.  
Como doido falei algumas palavras, mesmo sabendo que não havia respostas
Questionei algumas coisas...
De repente avistei outro e outro e mais ainda
Recordei com saudades.
Eram os amigos do papai...
Jaziam naquele local. Em campo santo
Passaram-se muitos janeiros, e pude lembrar o meu tempo de criança
As prosas, as brincadeiras que faziam. Eram amizades verdadeiras
Chimarrão nunca faltava nem na nossa casa, nem nas suas residências
Lembro-me quando papai estava numa situação muito difícil
Esses amigos nunca o abandonaram
Continuaram amigos e tinham orgulho de dizer que eram amicíssimos do meu pai
Oh! Eram de verdade. Ainda foram vizinhar pra sempre no mesmo local
As lágrimas correram em meu rosto
Chorei alto...
Levantei e fui-me embora...
Por não sei quanto tempo o choro ainda brotava ao lembrar.
Ainda me faz nó na garganta apenas em recordar tal episódio
Ó meu velho papai...
 
(Christiano Nunes)
 
 
Outono / 2020