O CRUCIFIXO

No crucifixo, em primeiro plano, a escultura belíssima parece se personalizar diante ao cenário silencioso e triste: a chuva levemente a cair sobre o chão, no qual se forma um espelho de água refletido às cores fúnebres da ocasião...

Ao longe, um peregrino do evangelho, na impotência física da sua velhice, recolhe para dentro de si as dores do mundo e as transborda em uma oração silenciosa, mas povoada de clamores ao Deus das nações, ao Deus de mil nomes ou ao Deus inominável...

É o Cristo vergado à cruz... O mesmo crucifixo que testemunhou outros eventos históricos e horrendos em Roma, agora, "vê" como se enxergasse, "ouve" como se escutasse, "sente" como se tivesse um coração a pulsar dentro da matéria inanimada da qual fora moldado àquela cena da qual és o protagonista da poética, triste poética escrita sob dor, sofrimento, silêncio, solidão...

Nos milhares de leitos espalhados no mundo inteiro, inúmeros enfermos solitários, como o Cristo ali sozinho, dependurado...

Oh, temeridade! Quão precária é a carne humana! Quão dolorosa é a morte chegada entre às cruzes silenciosas do gólgota...

As dores dos homes e mulheres: velhos, jovens, crianças; são orquestradas no silencio do Cristo na cruz, que como último hálito da vida encontra força para dizer: "Pai, entrego em tuas mãos o meu espírito".

Agnaldo Tavares o Poeta
Enviado por Agnaldo Tavares o Poeta em 08/04/2020
Código do texto: T6910370
Classificação de conteúdo: seguro