Desordem
A noite é meu mantra
E eu sempre acabo nesse tal verbo "pensar"
Pensamentos nem sentidos
As vezes, nem vividos.
Muitas vezes, só escritos.
Ah,
mas hoje falta-me o ar...
Diga-me por que não consigo respirar?
Por que faltam palavras
Faltam gestos
Faltam pensamentos
E eu não consigo sequer me expressar?!
Ah,
Logo a menina da escrita
A rainha da fantasia
Não consegue direito rimar
Justo agora que quero muito para ele falar!
Mencionar o meu grandioso amor
Sem ilusões ou contradições.
Por que?
Por que a verdade é assim tão difícil de escrever?
Eu o quero tanto a ponto do céu invejar
Todo o meu esforço para nele voar.
Por que?
Será que o papel é assim tão vingativo?
Se acostumou tanto com minhas mentiras
Com todas as minhas mirabolantes teorias
E não aceita tal traição?
Porém, agora é vericidade
E, eu sei, acredite em mim, eu sei...
Sempre ocupo-me ao apontar a verdade
Verdade em tudo o que escrevo,
Porém...será
Verdade?
Ah,
Mas dessa vez,
Dessa vez!
Dessa vez a Lua se preocupou
Nos meus ouvidos sussurrou:
-Escreva, minha querida...
Escreva assim sem rima, sem dó, sem rancor
Muito menos, sem pudor.
Escreva sem roupas, sem lágrimas, sem dor".
Então, nessa madrugada fria
Estou totalmente despida
Guardei no armário as minhas máscaras
Ignorei o fato de estar perdida
Abracei todos os meus medos
Aceitei a minha vulnerabilidade
Pois aquele rapaz merece a minha honestidade.
Eis que para ele escrevo:
"Eu nunca estive tão quente, meu amor
Meu amor, nunca estive tão quente.
E nada do que eu lhe dizer irá ter alguma rima
Nada do que eu escrever terá qualquer coerência.
O amor é assim, querido.
Desconexo.
Porém, se você me conhece...
Ah,
Se verdadeiramente você sabe quem sou,
Saberá também que esta prosa é sua
Que minhas rimas, aquelas não ditas, são suas.
Saberá que esta prosa é poesia.
Porque, genuinamente, meus pensamentos nunca estão em mim.
Porque, certamente, não sou organizada.
Então, meu amor, tem dito mais sincero do que a desordem?!
Desordem aquela que você fez em mim
Ao me fazer te amar
Ah,
Te amar tanto assim!".