Raio de luz

Não tinha ainda dezesseis e você talvez

voasse a mais de mil entre as estrelas

espreitando o lugar aonde havia de pousar.

Eu olhava para cima, para os prados,

para os lados, sondava os jardins da mocidade

achava bonita a cidade tomada de verde.

No fundo sabia que havia alguma coisa que não tinha,

ainda que não soubesse veramente o que faltava.

Talvez, contemplar o sol.

Dia veio em que uma bela poesia

passando por debaixo da porta

Iluminava o breu em meu quarto.

Um raio de luz sem artifício.

Era você com esses olhos impossíveis

quem derramava palavras pelo chão,

fluindo pelas frestas, pelas brechas,

descendo aos poros.