Não era tarde

O que eu via no espelho era um retrato da ilusão.

Decorei uns 20 poemas de amor que nunca recitaria.

E a sala com imagens congeladas.

Lembranças de momentos que um dia aqueceram meu coração. Hoje não.

Dor nas costas, sudorese, fadiga e visão turva.

Somatização de um coração partido.

Saudade.

Ele me disse que era tarde

E de repente me vi só.

Silenciosa e triste

Esperando outro dia clarear.

Dor de amor não mata.

Dor de falta de amor? Pode até ser!

Mas acho que só quando falta por si mesma.

Não foi meu caso.

Ou até foi.

Mas ao contrário do que ele me disse: não era tarde.

Hoje, as vezes, me pego diante do espelho declamando poemas a mim.