Imbecil
Morava na rua do desmatamento
perto do entroncamento
por onde passa muitos matutos
montados em seus jumentos.
- O imbecil tinha a cara de valente
e se sentia o dono do pedaço.
E sem muita estribeiras
sob a proteção de uma inseparável cartucheira
velha e enferrujada
se auto-intitulava cangaceiro,
de cara lavada... Com óleo de peroba.
- Que triste fim desse valentão,
se implicava com todo mundo
que por ali passava.
- Até que, numa tarde tenebrosa...
Passa por ali um poeta,
que não perde a oportunidade
e fala para aquele homem,
sem medo algum.
- Você é de fato valente
e de boca pesada.
Se hoje, passo por essa estrada
não é por coincidência.
- Estou aqui na verdade para te pedir um favor.
Nas andanças pelo Brasil
vi que em cada parte que se vai
tem um imbecil.
- Meu Sinhô não me leve a mal.
É que eu precisava fazer um poema
e como não tinha um tema.
Inventei um personagem
o que pode parecer bobagem
ou fruto da criatividade...