O sonho dos incompreendidos

Sou uma pessoa aprisionada aos sonhos devoradores. Sempre adiante de mim. Desejo profundamente o além. Fujo do entediante presente, como se ele me conhecesse, e eu a ele. Desejo o arrebatador, o fulgurante e o pleno.

Abraçar a loucura compartilhada e deixar-me levar pelas suas correntezas; rumo à a foz dos meus mais insaciáveis desejos.

Gosto de pessoas densas, de gente que abraça a loucura com certezas. Pessoas intensas que abarcam toda a multitude de seus desejos e vão além deles. Que permitem-se estarem adiante de si mesmas, desejando ardentemente o infinito.

Não quero estar cingido e circunscrito à um poço, onde as incertezas fluem como um redemoinho, aprisionadas e distantes da luz. Quero trazer à tona essas águas, deixá-las fluir e ganhar as corredeiras, as cachoeiras e as geografias dos vales. Quero a liberdade desta orografia desconhecida , até que que escorra a liberdade pela foz do mar soberano...

É-me tão forte esses desejos que sufocam-me a alma. Parecem querer desgarrar-se, galgar a luz, sair de mim e reluzir além; simplesmente porquê precisam renascer em outros paragens.

Brilhar em outros olhos, para que eu me reveja neles em plenitude.

Ser vida é sentir o viver de outrém em nós. Esse é o verdadeiro propósito que nos dá sobrevida. E vivenciar mais um novo ciclo de emoções intensas, para renascer...