- O circo chegou! Banho de perfume tomado, roupa nova de ir à missa, cabelo todo penteado e no rosto um sorriso que pedia socorro à esperança. - Pra onde vai menino todo arrumado, hoje não tem celebração. Pra sua idade não tem namorada, se aquiete, seu moço, não se avexe-se não! Depois de 4 anos de um pavor assombrado, de ter dado o último tchau sem estender a mão, estava o menino animado, era o seu dia e esperava redenção. Botou seu chapéu de lobo, de sua mãe tomou quando na cama deixou. Toda vez que saiam juntos, indo pra qualquer lugar, ela insistia em pô-lo, sem se justificar, mas o então menino, mais educado não há, jamais quis fazer diferente, pois entendia o que era amar. Vestido de lembranças, subia calmamente a rua 6, caminho este que nunca perdeu, por acreditar que um dia, ela viria. E antes que se virasse pra se esconder na esquina, ouviu de sua avó a ladainha: - Vai logo menino, feito um lobo solitário, vai buscar no picadeiro, o amor que faltou primeiro. Reze uma prece, solte um odor floreiro, entre logo naquela lona e busque o ventre de onde veio, pois aquela que te deixou nunca amor lhe teve. Mas se esperança lhe vier, solte um respiro festeiro, quem sabe um dia ela volte, e faça de você inteiro. - Eu tenho esperança vozinha, nunca me esqueci, com esse chapéu de lobo ela me reconhecerá de longe. E sem titubear, correrá e num abraço apertado vai me guardar do mundo.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 17/05/2020
Reeditado em 17/05/2020
Código do texto: T6949953
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