Outono, 2020

Um pássaro pousa na cumeeira.

A tarde repousa na amenidade do outono

e o vento, de leve correndo segue o tempo,

traz notícias que não são boas,

ratificam presságios.

Hoje ninguém tem encontro marcado no bar,

o clube está fechado,

o comércio não funciona desde março.

No hospital, o médico se reparte em dois,

igual a enfermeira, o residente.

Em casa, o artista sente medo do futuro

o qual ninguém ousa prever.

Uma tarde tão calma que alguém desavisado

diria que o tempo não passa. Bonita, porém,

transparente como as tardes antigas da estação.

O pássaro, de repente, entoa um canto alvissareiro

e alça voo antes que caia a noite.