Fragmentação

Viver em meio a um turbilhão de sentimentos desendereçados

Dormir e acordar entre lapsos de memórias recônditas

Fragmentos de tempos longínquos

Dispersando-se e conectando-se com o desenrolar da vida

Dor é desencarcerar

Emoções a revelia

Desamordaçar palavras

Da garganta ressequida

Futucar velhas feridas

Enquanto passam-se os dias

Como um eterno virar de páginas amarelas, encardidas

Desanuviar de pensamentos

Carregados de equívocos

Que de pouco servem

Nessa amarga angústia

De não ter a lembrança

Da exatidão das coisas

Vagando, inalcançável

Num labirinto de sensações

Perpétuo delírio inquietante

Com alternâncias de apatia

Em noites envoltas na esperança

No arremesso à cama macia

Busca-se no mergulho do sono

Segurar firme alguma valia, ainda que arredia

Mas que, em vias de discrepância saltitante

Impede a petulância

E o vôo, então, é pura observância

Cenários intrínsecos

No inconsciente preterido.

Maia Nunes
Enviado por Maia Nunes em 21/05/2020
Código do texto: T6953787
Classificação de conteúdo: seguro