Fragmentação
Viver em meio a um turbilhão de sentimentos desendereçados
Dormir e acordar entre lapsos de memórias recônditas
Fragmentos de tempos longínquos
Dispersando-se e conectando-se com o desenrolar da vida
Dor é desencarcerar
Emoções a revelia
Desamordaçar palavras
Da garganta ressequida
Futucar velhas feridas
Enquanto passam-se os dias
Como um eterno virar de páginas amarelas, encardidas
Desanuviar de pensamentos
Carregados de equívocos
Que de pouco servem
Nessa amarga angústia
De não ter a lembrança
Da exatidão das coisas
Vagando, inalcançável
Num labirinto de sensações
Perpétuo delírio inquietante
Com alternâncias de apatia
Em noites envoltas na esperança
No arremesso à cama macia
Busca-se no mergulho do sono
Segurar firme alguma valia, ainda que arredia
Mas que, em vias de discrepância saltitante
Impede a petulância
E o vôo, então, é pura observância
Cenários intrínsecos
No inconsciente preterido.