TAL QUAL A FLOR...

Sou filho de um rio...

Rio sereno de amargor!

De um tremular frio,

Na superfície sem cor.

Sou filho da primavera,

Que o rio a faz gemer,

Ao abalar na beira, a terra,

Da pétala no âmago do ser.

Depois a faz deslizar serena...

Nas águas límpidas e frias,

Sem demonstrar nenhuma pena,

Na cachoeira a despencar, espias.

Eu sou tal qual essa rósea flor,

Falta na raiz, do solo, a solidez...

Que há muito por saudade, a dor

Tomou conta de mim de uma vez.

Esse rio tal qual sereia, à espreita...

Com uma música bela de encantar,

Atrai que a gente nem suspeita,

Que o canto não era pra cantar.

Poeta Camilo Martins

Aqui,hoje,21.11.08