tanque
me derramo pouco a pouco
em cada canto que toco
cada canto que passo
e me pergunto se não deveria me guardar
mais e mais
me trancar
em uma caixa
jogar a chave fora
me sinto vazia
oca
lembro daquele dia quente
cheio de risada
e lágrimas
e dor
e alegria
tão não linear
eu e ela no tanque
com joelhos esfolados
chorando com o contato do sabão
água-sabão-vermelho-sangue
sinto que tudo escorreu naquele tanque
tudo escorreu pelo meu corte no joelho
e talvez
ainda esteja escorrendo pouco a pouco
pelo tanque