O cheiro de meu pai

Hoje algo me fez pensar.Tenho visto, ouvido, e também já passei pela experiência, de após chegar do trabalho, ou de chegar de uma atividade qualquer, um pai ser solicitado a tomar primeiro um banho e se trocar para somente assim poder pegar o filho nos braços. Na impulsividade, muitas vezes atraídos pelo encanto aos filhos, já vai chegando um pai estabanado a embalar a prole nos braços.

Meu pai fazia parte desta categoria distraída de pais que abraçam filhos sem seguir antes o ritual da higiene.

Assim meu pai, homem do campo, tinha cheiro de trabalho!

Cheiro de mato!

Cheiro de leite de vaca!

Cheiro de curral!

Cheiro de capim!

Cheiro de suor!

Cheiro de brejo!

Cheiro de fim de dia!

E quando nisso pensei descobri que ainda lembro dos cheiros de papai.

Às vezes por excesso de zelo e cuidado, pais só podem pegar os filhos após o banho. Após o sabão. Após o desodorante.

E nem conhecerão os filhos o gostoso aroma do esforço cotidiano, o aroma que coloca pão em casa. Do agradável e didático aroma de dignidade.