Interminável

Se eu ainda me fixasse em cada mínimo detalhe em ti que salvo em perfeitas lembranças fidedignas, abrace a certeza de que estas palavras são verdades intocáveis dos protestos que fomentam minha ilusão de propósitos escritos certos por linhas tortas. No fim, o fim é tudo o que pedimos a nós mesmos.

Recorrendo às distrações dos dias, ainda impregnadas com os velhos maneirismos ultrapassados de velejar nas horas de uma tarde descompromissada. Bailando a rotina em diferentes rumos para alcançar a mesma antecipada destinação, assegurando-nos de que não há nada igual e nada igual haveria se seguíssemos e imitássemos os mesmos passos para pousarmos na distância em que estagnamos nossa moção inconstante.

Que seja por coincidências ou conspirações arquitetadas por um indecifrável universo, nossos caminhos sempre permanecerão a se cruzarem e nos guiarem até o começo de onde viemos. Entre oxigênio gasto e o tempo o qual abdica sua cordialidade em nos livrar de consequências como se estivéssemos aprendendo a andar sem medo de cair e levantar.

Da bagunça abandonada e preciosidades intactas, não há motivo substituto para me presentear esquecimento, para varrer a sensação de segurar-te em meus braços e dar como imperceptível seu peso, as pessoas que passam por nós e se meus braços aguentariam fazer tanta força por tão poucos segundos em que suas feições esboçam um sorriso honesto e acriançado.

Desenterrando mensagens de meses atrás e perguntando a mim mesmo se apagar o passado é a melhor maneira de conviver com o presente. Por mais que interações e pontos de mudança estejam conservados em âmbar e mantidos em pedestais expondo os momentos monumentais o qual fomos artistas e a arte, o significado por trás destas obras e moldes sempre serão um segredo particular nunca contado a alguém e nunca soletrado em minhas prosas.

Sem a noção das suas reações evocadas aos ler o testamento de nossos verões despojados em dígitos paragrafados, replico-te como forma de cooperar, é a mais doce anestesia que há nas dores de mudar e transpor da vida que, por infinito os esforços, nunca clamará conclusão num capítulo final, epílogo e recomeço.

Daniel Yukon
Enviado por Daniel Yukon em 13/06/2020
Código do texto: T6976454
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