Deixar ir

Não é fácil aprender que amar também é sobre deixar ir. Parece tão sem sentido, até chegar a sua vez. Que chega, sem bater na porta. Antes, parecia que a justificativa era não ser de verdade; era deixar a preguiça de lutar vencer; era só querer amores fáceis. Mas, ao chegar sua vez, você entende que às vezes não importa o quanto você luta, quando não existe uma vitória em que os dois coexistem. Que não é sobre ser fácil, ou difícil. Nunca é fácil, mas não há esforço que alcance o impossível. Que o carinho e o afeto podem ser verdadeiros, mesmo quando o futuro não é. Quando chega sua vez, você entende que pode desejar tudo de melhor neste mundo ao outro, e que isso nem sempre vai lhe incluir. Você aprende a torcer a distância, em silêncio. E comemora sem poder desejar parabéns. Não porque suas intenções sejam más. Você só não quer reabrir cicatrizes que custaram (e custam) a sarar. Mas, não, não é fácil entender que algo bom pode ser ruim. Que a ausência fria pode ser melhor que a presença quente. Que o silêncio ensurdecedor faz menos mal que as palavras amigas. Que concordar em serem estranhos é o pacto mais íntimo que poderão ter. Você entende que tentar continuar seria tão egoísta que a melhor maneira de amar é dizer adeus. E tem coisas que você nunca vai entender.