Gênesis
O passado escorreu da ampulheta direto para o deserto.
Lá, ao sabor do vento, se misturou as areias apócrifas e se perdeu incógnito em dunas fugazes.
Seu perpétuo movimento gera lendas e mitos cada vez mais distantes da realidade e diluídos no oceano do inconsciente coletivo e dos sonhos jamais realizados.
Sua essência é distorcida e logo sua existência é questionada, o tempo é implacável em apagar seus rastros e remover suas marcas.
Logo bardos e poetas exaltarão feitos reais que jamais existiram e a fantasia se mesclará tão visceralmente com a realidade que jamais poderá voltar a ser dissociada até porque seus limites se romperam e mutuamente foram invadidos tornando impossível voltar a nomeá-las.
Assim surgiram Deuses, poetas, heróis, mártires e o Amor, este sim, sua mais completa síntese, seu arquétipo perfeito, a ilusão de quem não quer tirar os pés do chão e a realidade de quem não sabe pousar.