Orgasmo
Engana-se quem crê que o orgasmo é um ponto final, ele é ponto e vírgula,uma pausa para respirar, para uma nova etapa.
Pregam alguns puristas que o orgasmo é o prelúdio da paz, o deleite
pós-embate, a bonança pós-tempestade, o desabrochar da primavera.
Quem se levante e parte, perde uma parte da arte , o delírio depois da
criação, a mansidão no peito, a liberdade depois da explosão, o
re-hibernar do vulcão.
O hiato contemplativo, o despertar do carinho passivo, a exaltação do
sentimento sem pressa, a contemplação dos guerreiros exaustos , porém duplamente vencedores.
A certeza do objetivo alcançado, do semear, da perpetuação da vida, da eternidade.
A fusão alquímica e única de dor e prazer em doses harmonicamente
perfeitas, a fusão de duas partes distintas em um todo fugazmente
indissociável.
A lágrima indecisa entre encontro e despedida, correndo solta pelas curvas do rosto sem saber que caminho tomar ou mesmo se explicar.
É o fim se mesclando com o princípio, o céu pintado com fogos de
artifício, é o ápice, o fincar da bandeira como conquista,a posse, mesmo que provisória do terreno da paixão.
É a vida fluindo, o destino se cumprindo, os nós se desfazendo e o amor acontecendo.