Transborsamentos hemorrágicos doídos do ordinário.

Uma garota adolescente navega pelo feed qualquer, numa rede social qualquer enquanto seus ouvidos que funcionam bem escutam um artista pop qualquer e mais nada.

A garota não escuta nada quando o portão se abre e o carro entra atravês dele no lar. Ou quando os pês desnudos de um homem, apenas com meias, sobem as escadas.

Derrepente os ouvidos da adolescente que funcionam bem escutam um som. Sinais de alerta são mandados para o cérebro, a linguagem é acionada num reflexo de sobrevivência. Um grito é produzido.

O pai da garota adoslescente se assusta ao abrir a porta. Seus ouvidos captam o sinal que é interpretado pelo cérebro e geram uma sensação: pavor. O cérebro analisa a situação, entende o ocorrido e gera outra sensação: raiva misturada a descompreensão. A linguagem é acionada: "-Filha, sou eu!" em tom de descompreensão raivosa.

A adolescente escuta com os ouvidos que funcionam bem apenas o fim do "eu" ao tirar os fones de ouvido, mas consegue advinhar e interpretar o que tinha vindo antes.

O pai da adolescente a abraça e beija as suas bochechas, a hora mais esperada do dia. No abraço a garota pede perdão pelos seus reflexos instintivos desnecessários, pelo seu louvor aos fones de ouvido.

O pai caminha mais um pouco pelo lar e encontra uma mulher que com ouvidos que funcionam bem escutara o portão, o carro e o grito da filha. Seus reflexos instintos super necessários geraram a mesma sensação que o homem tivera: raiva. Uma descompreensão raivosa bem compreendida.

Ela vai ao seu encontro, a abraça e a beija de uma vez só, a hora mais esperada do dia ordinário. O casal se olha, compartilhando a descompreensão raivosa em niveis já um pouco diferentes.

A linguagem da mulher é acionada enquanto ela ri: "-Vamos ter que tirar esses fones dela por um tempo." O homem também ri respondendo: "Provavelmente!"

Nunca o ordinário foi tão extraordinário.

LizaBennet
Enviado por LizaBennet em 02/07/2020
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