fixa em você

Eu fixo meu olhar no teto e tento encontrar a inspiração, uma que não venha de você. Mais uma vez eu acabei de ler um livro e em todas as partes em que havia romance eu imaginava você, eu, nós. Eu fico concentrada em me esvaziar de pensamentos. Lápis na mão, caderno no colo, olhos mirando o teto, fone no ouvido. E a música diz “não me deixe sozinho”. É assim que me sinto. Sozinha, mergulhada num vazio. Caindo na escuridão. A mesma escuridão que está em meus olhos. Como se não bastasse a minha escuridão pessoal, trago comigo olhos negros. Olhos que já viram muito, onde lágrimas nasceram, olhos que viram teu sorriso, teu olhar, olhos que miram o teto tentando te afastar.

Até agora não surgiu nenhum pensamento, nenhuma linha que não fale de você. Eu só consigo ficar assim nessa posição me enchendo de motivos pra escrever sobre você, as lembranças me invadem, sentimentos que afloram, saudade que bate. Isso tudo porque eu simplesmente me coloquei a admirar o teto do meu quarto, tudo isso porque eu queria te tirar de baixo da minha pele. Parece ser inevitável. Eu penso: e se você, assim como eu, olha pro nada e pensa em mim? Eu me repreendo por pensar isso. Não, óbvio que não. Que idéia idiota. Decido tirar o fone e simplesmente me concentrar inteiramente em qualquer outra fonte de inspiração. Eu tento, mas parece inútil. Coloco meu fone de novo, a música é agradável. “Mantenha os pés no chão quando estiver nas nuvens”. Um ótimo conselho, mas, não me encontro nas nuvens. Eu estou mergulhada nos meus pensamentos e na escuridão dos meus próprios olhos.

Me sinto forte pois não chorei, mas quanto mais penso, quanto mais mergulho, mais encontro você. É como uma rua sem saída. Eu penso: escrever sobre você, de novo? Parece ser inevitável. Assim, eu me esforço um pouco mais, me mergulho na escuridão do meu ser, na escuridão que alimento, a escuridão que o vazio criou. E mesmo assim com a mente limpa, olhos fixos, totalmente fora do mundo lá fora, completamente dentro do meu mundo. E é assim que permaneço, vagando nos meus próprios pensamentos. Mas á cada ruína, esquina, sonho, conhecimento, vejo você vindo em direção á mim e quando isso acontece eu pego o lápis e começo a escrever. Mais uma vez é sobre você.

H C Oliveira
Enviado por H C Oliveira em 05/07/2020
Código do texto: T6996800
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