sobre o sorriso dele
“[…]
E ele me olhou, meio de lado, e sorriu logo em seguida. Seria mais um clichê dizer que o tempo parou, mas não parou, mesmo eu querendo muito. Ele estava ali sorrindo pra mim, pra mim. Naquele momento eu percebi que nem se vivesse milhões de anos veria um sorriso tão lindo quanto aquele, nem que procurasse, nem se viajasse o mundo, nem que visse todos os sorrisos possíveis.
Estou gastando todos os meus clichês aqui, mas de fato, aquele garoto é um clichê ambulante e aquele sorriso simplesmente iluminou qualquer tipo de escuridão que eu ainda guardava. E ele ali, parado, simplesmente me olhando e eu paralisada. E assim ficamos enquanto o sol de fim de tarde tocava meu rosto. Não precisava dizer nada, não precisava sentir nada, não precisava ao menos tocá-lo. Só ver aquele sorriso já fez meu dia melhor.
Em meu fone se ouvia mais um daqueles programas de rádio que eu escuto todos os dias, mas eu nem prestava a mínima atenção nisso. Todos os meus sentidos, todos os meus pensamentos estavam concentrados no sorriso daquele garoto. Eu estava em transe e ele sorria como se visse algo bom, ele sorria pra mim. Talvez seja esse o significado de ‘perfeição’. É uma pena não durar pra sempre. Sinto falta de ver algo tão belo assim.
Mas enfim, isso já faz tempo, nunca mais tornei a vê-lo, eu nem sei se o verei de novo, o que não significa que esqueci daquele dia, daquele sorriso. Era, quase, mágico. Era ele e, cara, é daquilo que lembro quando me dizem pra fazer um pedido.