E daí

Do alto de sua majestosa posição,

Ele em primorosa retórica dispara:

E daí?

A audiência em fúnebre silêncio, nada diz, nada fala.

Do púlpito o narrador solenemente dá início a solenidade, a turba continua calada.

Sua majestade em translúcida lucidez, questiona o plantonista, e como uma pistola dispara: e daí?

Nada, nada.

Acabamos de ser comunicados que ocorreram baixas, muitas baixas.

O comandante durão, em voz alta, avalia o teatro de operações e lucidamente fala: e daí!

Ele não tem tempo para lamentos, sua ação é pragmática.

Morrer é uma condição de guerra, o lutador deve ter coragem, garra.

Estamos em combate não podemos ficar em casa é preciso mostrar a cara.

Um repórter pergunta: em que condições iremos a luta?

Nosso heróico presidente, solenemente, com sua virtuosa astúcia, motiva a nação com sua fala.

É preciso ter coragem! Combater o inimigo mesmo sem ter insumos, fardamento, estratégia, armas.

Naquele instante um pensamento ronda minha mente diante da eloquente análise presidencial. E daí?