(T)eu(s) ciclos de maio I

A manhã de Domingo

Embeleza-se pelo nascer helíaco

E o vento enovela-se sem pressa

Com a cantoria dos pássaros matinais.

Quando os primeiros raios solares

Atravessarem a janela de tua casa:

A canção perscrutará o teu coração

Reacendendo em ti o riso na face.

Na plenitude de sua ternura,

Suavemente se fia, escutai:

Um, dois, três, quatro...

A tua singela manhã de maio.

Acaso vistes a canção matinal

Pincelada nas nuvens de tua casa?

Enquanto eu pontilhava códigos,

Envelopava-os e enviava a ti?

O vento carregava-os com tanto carinho

Que por descuido e ansiedade

Os bilhetes caíram em teu telhado

Mas o vento desesperado e desastroso

Não empurrava-os em tua janela!

Um dia, chove forte

Derretendo as cartinhas

E as flores de tua janela murcham

Perdem todo o encanto floral

E tu, nunca decifrava a incógnita.

Olhai para o alto,

Ouçam-nas dançar

Tocam-te no peito,

Canta-as em teu interior

Baixinho e suave!

Eu não preciso escutar

Dispenso a tua fala,

Cala-te, perceba e sinta

Encerra esses olhos negros

Na casa que adormece

O meu pequeno ser.

Frio, chuva e lembranças

As ruas desertas tem calçadas estreitas

E casas com janelas fechadas

Mofam pelo abafamento

Sorrisos reclusos em faces

Encobertas de poeira

Encerram em casa

Adormecem na solitude

De um dia monótono,

Silencioso e amarelado

A vida definhava

E escassa tornava

Mínima a tua recomposição

Teus hábitos conservados

Guardava-os no baú do porão

Assustado com a rotina,

Ignorava as reminiscências

Teu corpo tornava-se

Demasiadamente pesado

Despiu-se das memórias

Esqueceu-se da plenitude da vida.

Entrega-me esse sorriso,

Para pintar belos desenhos,

Decorar a estreita calçada

Que tu passas delicadamente.

Permita-me molhar as tuas flores

Limpar o vidro de tua janela

Te entregar os bilhetes antigos

Para colorir essa tua escuridão.

Lorena Borba
Enviado por Lorena Borba em 24/07/2020
Reeditado em 24/07/2020
Código do texto: T7015843
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