Porto Alegre querida.

Porto Alegre querida.

Quando eu era criança levava meus irmãos para a escola, caminhando. Até meus 26 anos, mais ou menos, andava de noite pelas ruas do meu bairro me sentindo relativamente segura. Ia à Cidade Baixa e voltava andando com amigos. Frequentava a Redenção aos Domingos com meu filho pequeno. Íamos de bicicleta. Eu andava com moedinhas no bolso até a padaria e voltava com os pães para o café. O sol era quente e o inverno me pegava cheia de blusões e calças de lã embaixo do jeans.

Eu perdi a Porto alegre dos meus amigos e parentes.

E Porto Alegre perdeu tantos para o mundo e tantos para a morte.

Porto alegre dos meus amigos, de meus ídolos. De Elis Regina. Do nascimento dos meus filhos, irmãos e sobrinhos.

Porto Alegre é demais. Só lá eu vi tantas pessoas pensando a política, novas religiões e modos de pensar. Lá comprei minha moradia. Passei no concurso dos meus sonhos.

E lá vi que a vida a cada dia se troca mais por um tênis uma coisa qualquer.

Prefeitos que entram só pra piorar as coisas.

Poa das orientações políticas pra repensar o mundo. Das decisões mais pioneiras da Justiça.

Poa escolhida pela matriarca da minha famíllia para começar sozinha uma vida com as filhas quando era feio a uma mulher criar suas filhas sem o marido.

Porto Alegre, volte a sorrir por favor.

Você é um berço de amor.

Escrevo esse texto, chorando.

Juliana Mendes Bueno Artemis Lua Crescente
Enviado por Juliana Mendes Bueno Artemis Lua Crescente em 25/07/2020
Reeditado em 25/07/2020
Código do texto: T7016481
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.