O AMOR

O AMOR

O amor, rameiro triste dessas paragens, deixará cair sobre a tua alma duvidosa a unção da sua eternidade.

Amor cheio de viço embora os anos tenham desafiado, velho amor que não envelhece que não tem idade, nem mofo, nem fastio, que não lamente a cor fugitiva de um cabelo, a luz murcha de um olhar, o tom desmaiado de uma voz, mas que alerta firme e dadivosa para se desdobrar no receio de sumir-se, e se esconde, brando e sujeitado para se encantar na delícia de render-se.

Por ele abatem-se rancores e calam-se as discórdias, revivem as harmonias e florescem as consolações. Amor único senhor de todos os enganos e todas as ameaças, cristalizando na fidelidade, alentado na complacência; alvorando na luta, recordando na paz, enternecendo na mágoa.

A um calor tiveste a revelação de uma força e a consciência de uma responsabilidade. Não te desampare nunca esse guardião feliz que serviu os seus antigos e servirá os seus vindouros.

MDLUZ