Trai a mim mesma
 
 
Foi o mais estranho amor, mas era amor,
Um amor tirado do fundo do coração,
A insensatez raspada das ruas frias onde minha alma pairava,
Era um amor urgente como uma paixão juvenil, mas era amor.
Eu sabia como ler todas as linhas escritas sobre o perigo daquele amor, mas preferi ficar cega.
Era um amor que eu escolhi tocar em braile, eu precisava ser tocada também.
Apreciei as palavras sopradas dos lábios que eu queria beijar, só para conhecer o beijo afoito da paixão.
Eu não tinha mais liberdade, já tinha entregado meu corpo enlaçado com flores em par de alianças,
Mas meu coração tinha escondido um veio de ouro bruto, que pedia para ser purificado no fogo.
Um eco do espirito livre voltava para me chamar a vida, minha história já estava no fim,
Eu deveria seguir firme, talvez cantando uma canção para a eternidade de uma vida
Mas parei, parei para apreciar os encantos de um caminho, de uma vida que não era a minha.
Algumas vezes dancei com muita alegria, cantei outra canção, dizia a mim mesma que eu merecia outra vida.
Enganei o coração ou fui enganada por ele? Não sei, já me perdi aqui e ali nessa traição,
Tentei escrever nas paredes do meu coração já rasurado por diversos pensamentos e crenças.
Sangrei fundo as paredes do meu coração até minha alma manchar e se arrepender de ir nas ruas frias.
De onde veio aquele amor, não sei, não perguntei, não li, estava cega e decidida a amar.
Onde as linhas cheias de palavras pedem um ponto final, parei.
Não tinha como escrever outra história, as folhas acabaram, o livro fechou, e eu voltei.
Voltei chorando, apenas com mais um poema de amor.