A noite pede passagem

Depois de tanto tempo acordado, o dia adormeceu. Trabalhou muito, estava cansado. Terminou seu trabalho, acabou o seu espetáculo. Foi-se o barulhento... Outro personagem entra em cena, a noite.

Ela pede passagem. Não existe aviso prévio. Agora é a vez dela, ela quer contracenar...

Sem ensaio, ela tinge o céu de escuridão. Os decibéis sofrem queda livre com sua chegada. Daqui em diante, noite e silêncio caminharão juntos, feito amantes eternos. O casamento mais uma vez aconteceu...

É raro às vezes que Dona Lua recebe convite como convidada ilustre para a cerimônia. Noite silenciosa sem iluminação preenche o ambiente de aura de suspense. O clima exala penumbra. O absenteísmo invadiu o céu e seu exército de estrelas. Quase todas estão ausentes. Algumas demonstram vigor, insistem com brilho reluzente. Outras, parecem ter se cansado da monotonia corriqueira, brilham feito vagalume tímido.

A esperança dos terráqueos é que, mesmo a passos lentos, o governador do dia, com traje de gala, os saude outra vez. Por onde ele passar lançará seus raios finos. O dia acordará com seus beijos quentes, estilo ultravioleta. O dia amanhecerá risonho. Efeito apaixonado.

Enquanto esse cenário cinematográfico acontece, permaneço em minha escrivaninha. Diante de uma página que à pouco estava em branco. Agora aguardo um lampejo de uma inspiração. Minha maratona só acaba quando concluir essa prosa.

Gilliard Oliveira de Souza
Enviado por Gilliard Oliveira de Souza em 05/08/2020
Reeditado em 06/08/2020
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