Paixões (ou Amores apócrifos)

Foi um capricho do Destino

Um fugaz vislumbre

Um quarto pequeno e simétrico

Travesseiros soltos e lençóis febris

O que vislumbrava nos seus olhos

Destruía minhas defesas e me fazia apaixonar

Não era para ser

não podia deixar de estar

Por mais que a madrugada galopasse

Eu não controlava meus desejos

era mais forte que eu, estava além de mim

Era perfeito demais para ser errado.

A decisão ultrapassava minhas forças

Se saísse , deixaria minha alma

Trairia meus desejos

romperia com meu coração

Seria um zumbi a vagar por ruas vazias

Ficando , me embrenharia mais no labirinto

Afastando-me de vez da saída

Me perderia entre venturas e loucuras

Irremediavelmente distante da razão.

A luz do amanhecer decidiu por mim

Roupas amassadas e atrasos não foram um final adequado

sorrisos sem graça e silêncio eram o prenúncio do fim

Não aconteceu sequer uma troca de olhar, a sentença estava dada.

Foi efêmero e profundo.

Nada restou além de palavras soltas e desconexas

numa folha amorfa perdida numa poça qualquer

Uma vida, uma história em um encontro ...

Não houve uma segunda vez

o laço se rompeu

Como toda grande paixão foi chama

E queimou tanto que só restaram cinzas

O quarto simétrico e impessoal

já tem outras presenças

outros cheiros, outros fluidos

outras juras vazias ...

Novas folhas são arrancadas do livro do destino

e atiradas ao vento caem em outra poça

São levadas pelo esgoto do medo e da solidão

E desembocam apócrifas no mar do esquecimento.

Ello
Enviado por Ello em 08/08/2020
Código do texto: T7029366
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