Não há nada a ser dito. Muito a ser feito.

Não é que faltem palavras, muito pelo contrário, apenas não precisam ser ditas, pelo menos não neste momento. Agora é silêncio e sentimento.

Não há voz, mas as declarações gritam no ar, balões em néon a pulsar, matizes luminosas do arquétipo do Amor, do sublime ato de Amar.

Mãos e bocas, ávidas, avançam sobre sua outra parte, sua melhor parte, o que faz rascunhos solitários, quando juntos, virarem arte.

No ar o perfume agridoce do desejo, a sede incontrolável do beijo, o suspiro profundo, o doce arquejo.

Corpos se encaixam sem deixar qualquer aresta, explode a mais incontrolável festa, a libido se impõe e manifesta.

O sangue começa ferver, a temperatura, a exponencialmente crescer, é incontrolável a chegada do prazer.

O tsunami, depois da loucura, lambe sensualmente a areia, a aranha descansa saciada em sua teia, o marujo dorme agarrado à sereia.

Um breve intervalo, a areia da ampulheta hesita no gargalo, os deuses assistem ao concedido regalo.

As palavras, lentamente voltam a se formar, como o surgimento de uma antiga linguagem, iniciam seu retorno numa lenta viagem, os amantes, ainda em êxtase, contemplam sorridentes, a recíproca e magnífica paisagem, em suas mentes uma certeza, o Amor nunca foi nem será apenas uma miragem. As primeiras palavras que serão proferidas, não importam quais sejam, soarão como antológicos poemas, mesmo que sejam pura bobagem, esse (re) encontro já está eternizado em suas almas numa irremovível tatuagem.

Ello
Enviado por Ello em 14/08/2020
Código do texto: T7034748
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