O sorriso da Porquinha

Durante uma tarde, alheio a toda a bagunça da vida, o sorriso sorriu. Fora o bastante para transformar todos os anseios em perspectivas, todas as frustrações em sonhos, todos os sentimentos em um nome. Antes, preso a monotonicidade de coisas alegres e sorridentes, desta vez, liberto pela transformação do sentido pleno de coisas sorridentes, pois, o próprio sorriso o sorriu.

Uma porquinha, meio diferente das porcas convencionais, elas costumam ficar num chiqueiro, geralmente meio rosadas, essa era amarela. Tem quem acredite em momentos notórios da vida, quem faça a vida valer a pena, tem os que arriscam, os que recuam e tem quem conheceu a porca amarela. Diferente das coisas comuns da vida, a porca amarela parecia encantada, quando sorria acalmava quem tivesse a sua volta, numa espécie de tom mágico, revelava a sinergia do universo, a sensação do seu sorriso era como se por instantes o equilíbrio do cosmos fosse restabelecido, o som da sua voz era como o canto da sereia, tirava a relevância de tudo que estivesse ao redor. Como poderia um sorriso de uma porca, simples porca amarela, ser tão devastador? Haveria diferença entre a inerente contradição de sentido cognoscível e o breve contato com a porca amarela? Seria algo tangível?

A história da porca termina no dia seguinte, assim como essa prosa, de repente assim como ela aparece e se vai. Há novos horizontes para ela desvendar e sensações novas a causar, a quem sempre a terá. Enquanto sua visita nos fez transbordar, sua ausência nos faz faltar. Nossa porca amarela está em algum lugar, feliz por ela poder voar, orgulhoso por a ter conhecido. Todos precisamos de nossa porca amarela, entra em nossa vida como um furação, deixa sempre boa recordação e sai com aquela sensação gostosa de quero mais.