Chamei a saudade para sentar-se ao meu lado no sofá da esperança. Fazia tempo que ao me visitar, às pressas, trazia consigo somente lembranças dolorosas, embaladas à vácuo pelo tempo. O passado era réu confesso no crime da desilusão.  De pernas cruzadas, a saudade parecia a vontade, com seu álbum de fotos em preto e branco. Virando calmamente as páginas, mostrava cenas capazes de envolver a alma num lençol rendado, recoberta por um edredom bordado de nostalgia. Rendida (a saudade), se entregou aos sorrisos de forma leve e espontânea sob a sombra do desapego. Saudade é terra árida onde se planta a leveza e se colhe ternura em conta-gotas. Só se apresenta para os que tecem amor em ponto cruz. É feito imã atraindo os ausentes para afagar a mente. Disse ela que, como folha avulsa, voa feliz em favor do vento... E dançando uma valsa, me invade em pensamentos e se esgota em lágrimas. Segura se si, me abraça... Ah, saudade... Se soubesse como é bem vinda, jamais partiria!
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 24/08/2020
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T7044836
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